terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Regulação da Pressão Arterial e Exercício Físico

Antes de abordarmos como o exercício interfere na regulação da pressão arterial (PA), iniciamos abordando alguns conceitos básicos. Quando o sangue é ejetado do coração, uma onda de sangue é forçada através da aorta. Como os vasos periféricos não conseguem realizar o escoamento do sangue na mesma velocidade com que ele é ejetado, ele é em parte armazenado pela aorta distensível, criando uma espécie de onda de pressão que se desloca da aorta até os pontos mais distantes da árvore arterial. O pulso cardíaco é originado pelo estiramento e recuo da parede arterial durante um ciclo cardíaco. Valores idênticos de frequência cardíaca e frequência de pulso podem ser esperados em indivíduos saudáveis. A pressão arterial é a combinação dos efeitos do débito cardíaco (fluxo sanguíneo arterial por minuto) e da resistência oferecida a esse fluxo na árvore vascular periférica (McKardle, Katch e Katch, 2011). Tal relação pode ser vista abaixo:

      Pressão Arterial (PA) = Débito Cardíaco x Resistência Periférica Total

Durante a contração ventricular esquerda, denominada sístole, a pressão mais alta gerada pelo coração, em indivíduos normotensos, é de 120 mmHg (milímetros de mercúrio). Esse valor representa a pressão arterial sistólica, que é uma estimativa do trabalho do coração e da força que o sangue exerce sobre as paredes arteriais durante a sístole ventricular. Durante a sístole o coração impulsiona de 70 a 100 ml de sangue para o interior da aorta. Já durante a diástole, que é a fase de relaxamento do ciclo cardíaco, a PA tende a cair para valores entre 60 e 80 mmHg. A facilidade com que o sangue flui dentro das arteríolas para dentro dos vasos capilares, também conhecida como resistência periférica, é indicada pela pressão arterial sistólica. Para mensuração da pressão arterial sistólica e diastólica, um dos métodos mais utilizados é o deauscultação, onde é utilizado um estetoscópio e um esfigmomanômetro. Abaixo segue a tabela de classificação da PA para adultos:

Classificação
PA Sistólica (mmHg)
PA Diastólica (mmHg)
Normal
< 120
e < 80
Pré-hipertensão
120 a 139
ou 80 a 89
Hipertensão (estágio 1)
140 a 159
ou 90 a 99
Hipertensão (estágio 2)
160
ou 100
De National Institutes of Health. The Seventh Report of Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. NIH Pub no.03-5233, 2003.


            Como pode ser visto na tabela, quando lidamos com adultos jovens e saudáveis, podemos esperar pressões próximas de 120 mmHg para sístole e próximas a 80 mmHg para diástole. Ligeiramente inferior a média aritmética das pressões sistólica e diastólica temos a pressão arterial média (PAM), o que ocorre devido ao fato de que o coração permanece em diástole por mais tempo que em sístole (McKardle, Katch e Katch, 2011). Abaixo a fórmula para calcular a PAM aproximada:

PAM = PA diastólica + [0,333 (PA Sistólica - PA Diastólica)]

            Relacionando a pressão arterial ao débito cardíaco e resistência periférica total temos as seguintes equações:

                        Débito cardíaco = PAM / Resistência periférica total
                        Resistência periférica total = PAM / Débito cardíaco

            Em situação de exercício vigoroso a resistência ao fluxo sanguíneo diminui consideravelmente, a pressão sistólica aumenta mais que a diastólica e o débito cardíaco aumenta 6 ou 7 vezes o valor de repouso em um atleta de elite (McKardle, 2011). Quando as artérias dos indivíduos tornam-se endurecidas devido ao depósito de substâncias adiposas depositadas nas suas paredes ou devido ao espessamento da camada de tecido conjuntivo do vaso, a pressão sistólica de repouso pode ultrapassar os 300 mmHg. Isso pode ocorrer também devido a existência de uma resistência excessiva ao fluxo de sangue periférico em função de uma hiperatividade neural ou disfunção da atividade renal. Nas condições citadas a pressão diastólica pode facilmente ultrapassar os 100 mmHg. Esse quadro é denominado de hipertensão, e gera uma sobrecarga do sistema vascular, podendo gerar lesão dos vasos arteriais, resultando em arteriosclerose, doença cardíaca, acidente vascular cerebral e insuficiência renal. O risco de um indivíduo vir a tornar-se hipertenso aumenta com a sua idade, juntamente com o risco de vida. Para um prognóstico adequado e preciso do risco de hipertensão, a pressão sistólica elevada é mais confiável que a pressão diastólica, principalmente em indivíduos de meia-idade (McKardle, Katch e Katch, 2011).
            Alterações nos valores de pressão estão diretamente relacionados com a prática de exercícios físicos. Em situações de exercício progressivo a pressão sistólica sofre um aumento proporcional ao fluxo sanguíneo e ao consumo de oxigênio. Ao mesmo tempo a pressão diastólica sofre uma pequena queda ou nenhuma alteração. Para os mesmo níveis de exercício, a realização de atividades com os membros superiores do corpo  produzem uma elevação na pressão sistólica maior que nas atividades realizadas com os membros inferiores. A pressão arterial pós exercício atinge valor menos do que pré exercício, podendo permanecer baixa por até 12 horas após a realização da atividade. Durante exercício de resistência isométricos, os valores de pressão sistólica e diastólica aproximam-se do estado hipertensivo, sendo que exercícios de resistência de alta intensidade representam alto risco para indivíduos hipertensos ou com doença cardíaca (McKardle, Katch e Katch, 2011).
             O suprimento de oxigênio para o miocárdio deve ser adequado e contínuo, e cerca de 80% desse oxigênio flui através das artérias coronárias. Quando o fluxo sanguíneo coronariano é comprometido iniciam-se as dores torácicas (angina); um bloqueio total da artéria coronariana gera o infarto do miocárdio. Durante o exercício, o aumento do fluxo sanguíneo é o principal responsável por suprir as necessidades de oxigênio do miocárdio. Para manter a função do miocárdio, o suprimento energético provém do metabolismo da glicose, ácidos graxos e lactato circulante, sendo que utilização percentual varia de acordo com a duração e intensidade do exercício realizado e também com o nível de treinamento do indivíduo. Para estimarmos a carga do trabalho realizado pelo miocárdio podemos nos basear no produto frequência cardíaca x pressão arterial sistólica 



(McKardle, Katch e Katch, 2011).

Um comentário:

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